Lições de empreendedorismo que podemos aprender com Millennials

Lições de empreendedorismo que podemos aprender com Millennials

Você com certeza já ouviu um ou vários dos clichês sobre "a geração perdida": os Millennials. Eles não saem do celular, são prepotentes, não respeitam gerações mais velhas, acham que sabem mais que todo mundo, e gastam todo o seu escasso dinheiro em torradas com abacate inflacionadas e viagens para alimentar suas contas no Instagram.

Verdades ou estereótipos, pouco importa: o fato é que a hora dos Millennials chegou. Os nascidos entre entre 1981 e 1996 estão na casa dos 30 e já estão caminhando para tornarem-se a maioria da população nos Estados Unidos (no Brasil eles já são maioria e representam 50% da força de trabalho). 

Isso quer dizer que, gostemos ou não da geração que cresceu com a internet, cada vez mais são eles que dão as cartas na economia. Conhecer, entender e se adaptar ao modo de ver o mundo dos Millennials deixou de ser uma dica dos gurus do marketing e passou a ser estratégia de sobrevivência. Os US$ 600 bilhões gastos por esses consumidores anualmente - só nos EUA - tendem a continuar crescendo por alguns anos até que a Geração Z assuma o seu lugar. 

Mas o que exatamente significa essa transformação dos negócios para melhor atender às necessidades dos millennials? Hoje preparamos alguns insights de ramos que já estão sendo transformados pela tal geração perdida. Será que o seu negócio já está na lista?

1. Millenials estão solteiros. E isso não diz respeito só a eles.

Se eu te perguntar qual foi a data que mais gerou vendas no ano, o que você me responderia? Dia das mães? Natal? Black Friday? Nada disso: seja bem vindo ao universo Millennial. A data que gerou para o Alibaba sozinho quase US$ 38 bilhões em vendas não foi nem religiosa nem tradicional, foi o dia dos solteiros. A geração Millennial é uma das menos interessadas em relacionamentos e que mais valoriza a individualidade até hoje, e isso está transformando vários mercados. Qual millennial solteiro vai investir em uma casa de três quartos? Ou em um jogo de 12 taças de vinho? Ou em uma SUV que comporta 6 a 8 passageiros? 

Cada vez mais produtos e serviços precisam se adaptar para atender "grupos" de uma pessoa só. Restaurantes com espaços para um, apartamentos (do luxo à kitnet) focados nas necessidades do solteiro e turismo para viajantes solo são só alguns exemplos de mercados que já começaram a se adaptar. 

2. Solteiros sim, sozinhos, nunca!

É verdade, Millennials estão solteiros e questionando instituições como o casamento. Mas isso não quer dizer que eles estejam completamente sozinhos em casa. Estamos vendo uma verdadeira revolução doméstica nas residências Millenials: a Revolução dos Pets. De meras companhias aos xodós da casa. Da cama na área de serviço ao espaço VIP na cama. Quem não conhece (ou é) um pai ou mãe de pet que atire a primeira pedra. 

Se 65% dos baby boomers e 45% da Geração X consideravam minimamente importante ter um filho, essa taxa caiu drasticamente com os Millennials. Só 2 em cada 10 jovens americanos enxergam filhos em seu futuro próximo. Para onde foi toda essa energia parental (e investimento)? Pergunte aos proprietários de pet shops, dos mais simples aos de luxo. O setor está em polvorosa tanto no Brasil quanto nos EUA, neste último movimentando US$ 225 bi por ano, com expectativa de crescimento para US$ 281 bi até 2023. 

Esqueça as tradicionais bolinhas ou ração, estamos falando de coleiras de grife, chocolates de múltiplos sabores para cães e até acupuntura animal. Se os millennials são uma geração sem filhos, eles com certeza encontraram outro local para direcionar afeto e dinheiro.   

3. Geração Digital. Pero no mucho.

É muito fácil cair na armadilha de achar que por ser a geração mais digital a entrar no mercado de trabalho, todo o universo Millennial é digital. Claro, eles adoram redes sociais, e-sports e compras online. Muitas compras online. A adoção em massa das lojas digitais já mostra seus efeitos: um relatório de 2017 da consultoria Credit Suisse previu o fechamento de 20% a 25% dos shoppings dos EUA até 2022. A culpada, em geral, é a concorrência implacável das lojas online, com custos menores, maior variedade e prazos de entrega cada vez mais competitivos. 

Do outro lado, no entanto, os Millenials seguem afirmando que valorizam as lojas físicas. Em relatório recente da Accenture, os jovens americanos falam da importância de ver, sentir e até cheirar um produto antes da decisão de comprá-lo. Não entenda mal, a presença digital é fundamental para esse público (os shoppings que o digam), mas apostar todas as fichas no online pode se mostrar um erro. Segundo a consultoria, 68% dos Millennials valorizam uma experiência integrada, que transite bem do on ao offline.  

4. Propósito faz toda a diferença

Se tem um ponto em que Millennials são categóricos é este: as marcas não podem mais estar alheias ao mundo. Os jovens procuram empresas que não só vendam, mas os engajem. Causas sociais, políticas e ambientais não podem mais ser ignoradas pelas marcas que querem criar conexões reais e duradouras com seus clientes. Um dos grandes equívocos de empresários com relação aos Millennials é acusá-los de infidelidade. De fato, conquistar o apoio de longo prazo desse público é um desafio maior do que em outras gerações, mas o caminho está dado: 75% dos Millennials consideram importante ou muito importante que as marcas que eles consomem entreguem algo de volta à sociedade. A falta de um propósito claro na sua organização é um grande repelente de Millennials engajados. Do sorvete da Ben & Jerry's à garantia vitalícia dos produtos esportivos Patagonia, não importa seu nicho, não importa seu mercado: engajar e se relacionar com Millennials é acreditar e agir em prol de um propósito. 

Essas são apenas algumas das transformações que os Millennials estão causando no mercado. Você está preparado para atendê-los? Não deixe de contar para a gente a sua experiência com consumidores Millennials e suas necessidades e desejos únicos!

Até a próxima!